segunda-feira, 14 de maio de 2012

HUMANIDADE X ANIMALIDADE

Ilustração: Isabelle Faria, pintora portuguesa.
2010. Preguiça - desenhos impactantes a cores, sempre de realismo pulsante, mostram grupos de cães humanos, vestidos, erectos, raivosos. Animais humanizados que cheiram a morte. A preguiça é o luxo da morte.
BREVE UM POST SOBRE O TEMA



GRUPO 3 - AS BORBOLETAS

Este grupo será composto por atores, bailarinos, músicos, artistas circenses, engenheiros de som, artistas das linguagens audio-visuais, artistas das linguagens cibernéticas, artistas em geral, ou seja, todos aqueles que se dispuserem a levar esta aventura adiante e cooperar com este projeto.
Este grupo será o responsável por: traduzir o material bruto originado pelo Grupo 1 (LARVAS); modelar as propostas vindas do Grupo 2 (CRISÁLIDAS); transformar o material bruto em matéria sensível que tome a forma de artefato(s) cênico(s). Este grupo é formado pelo elenco e por artistas e técnicos que fizerem parte da elaboração e criação da tradução cênica da palavra metamorfose.   

GRUPO 2 - AS CRISÁLIDAS

O segundo grupo é chamado de AS CRISÁLIDAS. Como na biologia, as crisálidas são uma etapa intermediária na metamorfose das borboletas. Da mesma forma, artistas de diferentes áreas foram convidados a participar da pesquisa atuando de forma interposta em relação aos outros dois grupos. AS CRISÁLIDAS terão acesso ao material bruto e poderão sugerir possibilidades de tradução artística e até mesmo dinâmicas que possam ser aplicadas no Grupo III.  A ideia é estabelecer um diálogo real entre o teatro e as outras artes. É claro que isso vai ser complicado, mas com toda certeza, será também muito mais rico e gostoso.

GRUPO 1 - AS LARVAS

O processo vai acontecer através da conexão entre os três diferentes grupos que participarão da pesquisa.
O primeiro grupo, chamado AS LARVAS, é composto  por 35 pessoas advindas das mais diversas áreas do conhecimento humano. Este é o grupo dos fornecedores de material bruto sobre metamorfose. A proposta é que, cada uma destas pessoas, responda o que é metamorfose em sua área de atuação. Como se dá? Como acontece? Como se caracteriza uma metamorfose na sua disciplina?
São antropólogos, geógrafos, artistas plásticos, músicos, educadores, etc, que formam um grupo bastante eclético e de grande diversidade.

terça-feira, 8 de maio de 2012

CRUZAMENTO ARTE & CIÊNCIA

A proposta fundamental desta pesquisa é criar um artefato cênico que seja produto originado do cruzamento entre arte e ciência, entendendo "arte" como um termo que abrange todas as artes e "ciência" como todas as outras áreas do conhecimento humano, compreendidas pelas ciências exatas, humanas e sociais. 
Trata-se de investir num diálogo entre o teatro e as outras artes e na abertura de uma relação entre o teatro e outras áreas do conhecimento tidas como afins ou não. Assim, a partir de um olhar polifilético (transdisciplinar) chegaremos a composição de um artefato cênico, que não deve originar-se somente do teatro, mas de vários e diferentes "troncos". A aventura está em procurar e percorrer os caminhos (que serão posteriormente descritos) para se alcançar a transformação do material oriundo das outras áreas em material expressivo.
Obviamente, este cruzamento tem como ponto de partida a palavra metamorfose. Para induzir o início do processo de pesquisa será realizada uma consulta junto a pesquisadores e profissionais de outras áreas do conhecimento humano, solicitando que enviem material relativo as conotações do tema em suas áreas de atuação. Como dá a metamorfose nas ciências econômicas? E nas políticas? Como os antropológos percebem o tema? Que metáforas poderemos traçar ao relacionar, por exemplo, educação e metamorfose? 

 Rota, 1997, Direção de Deborah Colker ©2003 Cia. de Dança Deborah Colker Todos os Direitos Reservados

segunda-feira, 7 de maio de 2012

ARTEFATO CÊNICO


Continuando a definição dos termos utilizados na pesquisa, explico agora porque estou utilizando o termo artefato cênico para denominar o produto final resultante deste projeto.
Ao invés de simplesmente chamar de "teatro" ou, mais simplesmente ainda, de espetáculo, pretendo recusar os rótulos tais como "teatro" ou "dança" ou "ópera" ou qualquer outra linguagem artística pura. Como a intenção é chegar a um material cênico composto por formas híbridas, decidi em favor da utilização do termo artefato cênico, que deve ser entendido como a criação de um objeto cênico que se origina, não apenas da linguagem teatral, mas de uma confluência de linguagens artísticas.
Jorge Dubatti, teórico argentino, usa o nome ente poiético para determinar o resultado final de um processo: o espetáculo. Quando dou preferência a artefato cênico sugiro alcançar um tipo específico de espetáculo, cuja proposta inicial é criar um corpo poético a partir da mistura de várias artes performativas.

POR QUE POLIFILÉTICO?

Primeiramente vamos a definição do termo polifilético. Segundo o Aurélio, polifilético se origina de poli (muitos, diversos) + filo (categoria taxonômica compreendida entre o reino e a classe), e significa: (1. Biol.) Que se origina de vários troncos, ou seja, que não evolveu a partir de um único organismo primitivo.
Como pretendo trabalhar num cruzamento entre artes e ciências, acredito que esta palavra possa funcionar como um sinônimo para os termos multidisciplinaridade, transdisciplinaridade, e outras variações que sempre carregam a sombra da palavra "disciplina" em suas formações. 
Meu objetivo é chegar num produto cênico final que evolua polifileticamente, ou seja, que se origine de vários troncos (artes e ciências), e não se desenvolva apenas a partir de um só organismo (teatro). Trata-se, então de encontrar uma poética cênica que não aconteça somente a partir do teatro.
O termo polifilético sugere que eu abandone procedimentos tradicionais de criação teatral e procure os "vários troncos" que contribuirão para o processo criativo da minha pesquisa, e ao mesmo tempo me distancia da palavra disciplina, que, segundo Focault, carrega sempre conotações negativas associadas a imposição, autoritarismo, etc.

TAGS METAMORFOSE

Como já foi dito esta pesquisa nasceu de uma palavra (Metamorfose) surgida ao acaso. Mais adiante, apareceu o termo "polifilético", que também vem da Biologia. A partir destas duas palavras, venho coletando outras que de alguma forma me dizem alguma coisa e que, com certeza, farão parte do processo. Serão como uma espécie de tags inspiradoras que poderão, ou não, estar presentes no resultado final da pesquisa.
VESTÍGIO, MEMÓRIA, HIBRIDISMO, MESTIÇAGEM, REDE, CONEXÕES, RIZOMAS, CORPO, ACASO, ARTE, ESCOLHAS, BRICOLAGE, ESCUTA, LIMINALIDADE, PERFORMANCE, COMPLEXIDADE, METÁFORA, METONIMIA, AMBIVALÊNCIA, TRANSDISCIPLINARIDADE, HUMANIDADE, ANIMALIDADE,
muitas ainda vão surgir.
Ilustração: playing with scissors, de Marianna Gartner.    

domingo, 6 de maio de 2012

PORQUE METAMORFOSE?

Em primeiríssimo lugar porque a palavra me veio absolutamente por acaso. Estava lendo o livro chamado Lendo Imagens, do escritor argentino, radicado na França, Alberto Manguel, onde o autor busca introduzir o leitor na arte de ler imagens e traduzi-las com suas próprias palavras. A partir de uma seleção de imagens e artistas, Manguel descorre sobre processos criativos e estética. 
Um capítulo do livro, que o autor denomina de A imagem como pesadelo, é dedicado a pintora canadense Marianna Gartner, e introduzido por uma citação  do livro Metamorfoses, de Ovídio:
"O meu propósito é falar de corpos
Que foram mudados em formas de diferentes tipos."
O que também contribuiu para que eu decidisse seguir a sugestão do acaso, foi o fato de que, em minha vida particular, venho atravessando um período quqe caracterizo como uma profunda metamorfose pessoal. Sinto que minha vida deu um giro. O ano de 2008 marca um terrível final e um animador recomeço: em Janeiro fui aprovado no vestibular e retornei a UFRGS para terminar o curso de Direção Teatral; e em julho sou obrigado a aceitar a decisão de fechar o espaço do Depósito de Teatro na Câncio Gomes. Duas importantes situações da minha vida que vem provocando desde então uma mudança no meu comportamente, crenças, visão de mundo e de teatro.  

sexta-feira, 4 de maio de 2012

INSPIRAÇÕES 9

A Metamorfose de Narciso, de Salvador Dali, controverso pintor catalão, cujo nome remete diretamente ao surrealismo. Polêmico, porque há que o ache um charlatão e exímio marqueteiro. Fayga Ostrower, em Acasos e Criação Artística, roga que "não se ouse comparar Dali com Bosch, são outros os mundos imaginativos e outra a linguagem, além de ser Bosch um dos maiores artistas, cujo nome não deveria ser invocado em vão, certamente não para compará-lo a Dali." (1995, pag. 254).
Achei simplesmente o máximo conhecer alguém que te puxa o tapete. Ela me fez repensar a obra inteira de Dali, da qual sempre fui um fiel admirador. 
Fayga fala de processos de criação artística e da importantíssima participação do acaso nestes mesmos processos. A função do artista seria exercitar (ou excitar) sua sensibilidade ao máximo no sentido de capturar o maior número possível dos milhares e milhares de acasos que continuamente  estão passando diante e por dentro de nós. 


quinta-feira, 3 de maio de 2012

METAMORFOSE - SEGUNDO SEMESTRE

Segundo semestre: matriculado em Antropologia Contemporânea e Seminário de Preparação de Dissertação. A primeira é uma aventura no Departamento de Antropologia da UFRGS. O Professor se chama Bernardo Lewgoy e tem um parentesco mais ou menos próximo do grande ator José Lewgoy. A disciplina é completamente diferente de tudo que já fiz em termos de estudos. Uma incógnita quanto ao aproveitamento que vou obter, mas desde já instigante. A primeira aula foi desanimadora: o professor me tachou de ignorante no assunto e disse que ficaria me observando para decidir se eu poderia ficar ou não. Um pouco de durão, um pouco pra se fazer de durão, um pouco pra esconder a insegurança de ter, também pela primeira vez, um aluno vindo de outro Departamento. 
A segunda disciplina é ministrado pelo querido professor João Pedro Gil, ator bisexto, diretor de teatro e professor de longa data. Ao modo de um seminário pretendemos nos preparar para a etapa de qualificação. Bem mais fácil.
Estive em um Congresso em Buenos Aires, que considerei meio falcatrua pelo modo que se sucederam as apresentações de trabalhos, e outro em São Paulo, que era um Congresso provido por um grupo chamado NAPEDRA, Núcleo de Antropologia Performance e Drama. Os temas tratados tentavam buscar uma aproximação entre as três áreas. Maravilhosa apresentação de Guilhermo Goméz-Peña, que arrasou com uma palestra-performance de tirar o fôlego. O meu e o de todos os participantes seniors que estavam por lá.